sexta-feira, 1 de abril de 2011

Quem ama ...

Recebi e-mail da amiga Lu Vi falando sobre Içami Tiba e seus conselhos. Uma introdução incluia o autor como um dos três mais admirados pelos psicólogos, seguida de vinte seis regras para uma boa educação.

Li o livro "Quem ama educa". Minha irmã me emprestou, falando muito bem do livro. Li-o apesar de não gostar nadinha de livros de auto-ajuda.

Concordo com muita coisa que o autor defende no livro, mas algumas dicas ou regras ditadas no livro me parecem genéricas demais, outras despropositadas. Cabe aos pais usar de bom senso, porque cada caso é um caso, e existem situações que podem ser exceções às regras.

Acredito que a educação é um processo que precisa ser constante e consistente, em alguns exemplos o autor parece querer indicar a solução para uma situação fora do controle, em que os pais não agiram na hora certa.

Uma das discordâncias é do castigo pelo castigo, do tipo "fique aqui quieto, sem ver TV, sem brincar, pensando no que você fez de errado", será que fuciona? Li em um site uma psicóloga defender o castigo educativo, do tipo, sujou então me ajude a limpar, jogou o brinquedo então vamos doar para um criança que cuide dele. (Abro um parêntese para dizer que escolher com eles brinquedos para doar é sempre bom.) Gostei dessa abordagem, ela faz mais sentido pra mim . Os exemplos podem não ser os melhores, pois são meus, mas o objetivo é que a criança entenda o que fez errado e como corrigir. Castigo de trancar a criança sozinha no banheiro (sim, o autor cita esse exemplo em seu livro) é algo que eu não faria em hipótese alguma.

Outra questão é o conflito com a avó com o qual convivo diariamente já que minha mãe mora conosco, e tendo criado três filhas acha que sabe e pode mais que nós, pais do Davi. Às vezes conversar não adianta, é preciso dar bronca na avó também - o que é bastante difícil para mim - para fazê-la entender que não estou sendo dura demais, que esse é meu papel e que não devemos nunca subestimar a inteligência de nossos filhos. Eles compreendem muita coisa, desde cedo, e nos testam para saber se podem se sentir seguros de que sabemos o que estamos fazendo (é claro que não conscientemente).

Também acredito que é preciso dar espaço para que tomem decisões, sim, desde cedo, e se responsabilizem por elas.

No livro também senti falta da indicação de faixa etária.
Muito do que ele diz é óbvio, cabe como lembrete.

Mas só posso dizer isso porque li o livro e se você o ler, fará sua avaliação que não será exatamente igual a minha. É claro que não falei de tudo, falei daquilo que me chamou a atenção, que a meu ver não deveria estar no livro. E digo isso com a arrogância de quem está apenas no começo do caminho, afinal Davi tem apenas 3 anos.

Muita água ainda para rolar por debaixo da ponte.

Aqui a lista de conselhos do e-mail:

1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre.
2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar com internet, som, tv, etc.
3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados.
4. É preciso confrontar o que o filho conta com a verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro lado, além das testemunhas.
5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem. Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento da prevenção que a camisinha proporciona.
6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa. A mãe não pode interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai determinar que não haverá um passeio, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente.
7. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto quem tem que dizer qual é a hora de se comer e o que comer.
8. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender.
9. É preciso transmitir aos filhos a ideia de que temos de produzir o máximo que podemos. Isto porque na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio: não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0.
10. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente.
11. A gravidez é um sucesso biológico e um fracasso sob o ponto de vista sexual.
12. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são, mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para fazer uso da droga . A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo'.
13. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, não a respeita.
14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo.
15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.
16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação. Tirar nota boa é obrigação. Não xingar avós é obrigação. Ser polido é obrigação. Passar no vestibular é obrigação. Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se for mal na faculdade.
17. Quem educa filho é pai e mãe. Avós não podem interferir na educação do neto, de maneira alguma. Jamais. Não é cabível palpite. Nunca.
18. Muitas são desequilibradas ou mesmo loucas. Devem ser tratadas.
19. Se a mãe engolir sapos do filho, ele pensará que a sociedade terá que engolir também.
20. Videogames são um perigo: os pais têm que explicar como é a realidade, mostrar que na vida real não existem 'vidas', e sim uma única vida. Não dá para morrer e reencarnar. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida.
21. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão.
22. Pais e mães não podem se valer do filho por uma inabilidade que eles tenham. 'Filho, digite isso aqui pra mim porque não sei lidar com o computador'. Pais têm que saber usar o Skype, pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível pagarem para falar com o filho que mora longe.
23. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.
24. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família.
25. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que mostrar qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final.
26. Dinheiro 'a rodo' para o filho é prejudicial. Mesmo que os pais o tenham, precisam controlar e ensinar a gastar.
"A mãe (ou o pai!) que leva o filho para a igreja, não vai buscá-lo na cadeia."

Um comentário:

mfc disse...

É preciso sempre sabermos mais!
Tal como os outros não nascemos ensinados, mas devemos ter um critério apertado para só adoptarmos aquilo com que concordamos.