sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sapato fechado = sofrimento

Posso dizer que o único sapato fechado que usei foi o da escola, sim eu ainda usei o sapato boneca quadradinho com meia e sainha de pregas.
Mas, desde então, todas as vezes que tentei usar sapato fechado, desisti por causa dos terríveis calos e desconforto extremo que  me causam. Já fiz várias tentativas. A única sapatilha que consigo usar, depois de gastar com outros modelos, é uma de um couro bem molinho, e depois dessa não encontrei outra similar.


Agora, numa nova tentativa, com sapato especial,  acolchoado por dentro, e fita protetora para os calcanhares e dedinhos (a que estou usando é Nexcare), apesar de o pé ter ficado vermelho em alguns pontos, não criou calos.

Estou estranhando um pouco isso de usar sapato,
principalmente este modelo que escolhi (dentre os
 poucos disponíveis na loja). Nem sei bem que
 roupas usar com ele. Mas a ideia é evoluir para modelos
mais bonitos, sempre com conforto.



Hora de dormir

Todos, ou a maioria de nós, tem um ritual para dormir. Aos 5 anos, no ritual do Davi,  depois do banho e dos cuidados de higiene, uma, ou duas, ou três historinhas, às vezes uma brincadeirinha de chamego, e depois de algumas reviradas na cama (a quantidade é inversamente proporcional a quão cansativo foi o dia), o tão esperado sono.
Dia desses, ele inventou uma brincadeira de esconder, cabeça debaixo do travesseiro:

- Mamãe, onde está o nariz?
- E o cotovelo?
- E onde está o rosto?
- As bochechas, a boca, ...., os pés, aos mãos?
- É um jogo de adivinhações mamãe!
E a cada pergunta, eu, fingindo que na penumbra do quarto não conseguia ver nada, errava tudo, e tocava nas mãos quando ele perguntava pelos pés, no joelho quando perguntava pelo cotovelos, no umbigo quando perguntava pela boca e aproveitava para beijar, cheirar e chamegar bastante.
Quando ele finalmente dormiu, fiquei pensando em como são gostosos esses momentos e tentando me lembrar de como era quando ele era mais novo, ainda bebê. Lembrei que não relaxava, em momento algum, sempre preocupada com os cuidados, com os horários, e não aproveitei.
Vivia estressada e porquê? Porque não estava confortável com muitas coisas ao meu redor, minha mãe me vigiando a cada minuto (pelo menos era assim que eu me sentia), uma babá que quando eu chegava do trabalho se aboletava no meu sofá, um pai que não compartilhava comigo os cuidados com o bebê, mesmo porque eu não permitia (afinal só eu sabia cuidar do meu filho), a casa não parecia mais ser minha, tudo girava em torno do Davi e suas necessidades, e eu toda amarrada: tem que comer hora tal, tem que dormir hora tal, e não fazia nada antes dele dormir. Porque tanta rigidez, porque eu não brincava com ele até ele estar mais cansadinho ao invés de ficar balançando aquela rede?
Depois da rede em cima da cama, ele veio dormir em nossa cama, e aí da-lhe bronca pra ficar quieto, que estava na hora. Até que aos quatro anos, ele passou a dormir em seu quarto, em sua cama. Raras vezes, acorda assustado e pula para nossa cama e nessas raras vezes a novidade é recebida com alegria pelos pais.
Tenho que admitir que não é apenas o fato de ser mãe que me ensina e me faz evoluir, a terapia está sendo muito importante para que isso ocorra e para que eu tome as rédeas da minha vida. Estou aprendendo a ver a vida com mais leveza e flexibilidade, e com mais clareza do que é responsabilidade minha e do que não é. E de que há sim muito espaço para mudanças, para melhorar minha vida e dos que me cercam, e de que eu posso e devo provocar tais mudanças.

Esse texto O lado não falado da maternidade é bastante esclarecedor e tem relação com o que contei nessa conversinha.