Todos sabem - ou ficarão agora sabendo - que eu tenho diabetes tipo 1 (1) (insulino-dependente). Falei sobre o diabetes aqui no blog em ele.
Existem três tipos de diabetes (2), o diabetes mellitus tipo 1, o diabetes gestacional e o diabetes mellitus tipo 2, este último corresponde a 90% dos casos de diabetes, você com certeza conhece alguém com diabetes tipo 2. Mas vamos lá: senta que lá vem história.
Meu diabetes foi diagnosticado no dia 19 de janeiro de 1997, quando fui atendida no hospital, grávida de sete meses, com glicemia acima de 800 mg/dL. Não foi diagnosticado antes porque o exame de glicemia em jejum, feito aos quatro meses de gestação, apesar de acima do limite, não motivou o obstetra a pedir a curva glicêmica (3). A situação foi se agravando, e os sintomas foram confundidos com queixas comuns da gravidez, como aumento da frequência e volume da urina e excesso de fome. Ao ser atendida na emergência, quase sem conseguir respirar, o obstetra de plantão viu pela ultra-sonografia que a criança estava morta e realizado o teste glicêmico chamou o endocrinologista (que ainda hoje me acompanha). Estive acordada durante todo o tempo pois a sedação poderia levar ao coma. Numa das tentativas para baixar a glicemia foi retirada a placenta, um procedimento muito doloroso, sem que o resultado esperado fosse obtido. Depois disso eu não sei mais quais procedimentos foram adotados, só lembro do parto (induzido) para a expulsão do feto e de acordar na enfermaria. A perda dessa criança foi um dos momentos mais dolorosos da minha vida, mas estamos aqui para falar do diabetes.
Desde esse dia eu vivo em constante aprendizado e vigilância: alimentação, atividade física, estresse, outras doenças, muitos fatores tem efeito direto no controle glicêmico. É um controle fino difícil de se fazer.
Muitas vezes faço o teste glicêmico capilar (4) apenas para confirmar o que eu já percebi pelos sintomas. Com o passar dos anos fiquei mais resistente e os sintomas demoram mais a aparecer, mas isso não é regra, ontem mesmo tive hipoglicemia (5) de madrugada (49 mg/dL), o que não é raro, mas diferente de outros dias em que me levanto, tomo meus saches de mel, como alguma fruta e volto a dormir, ontem só consegui tomar o mel e em seguida desmaiei, quando voltei, senti náusea, suor frio e confusão mental.
Quando ocorre uma hipoglicemia é preciso que o diabético saiba o que fazer e também que as pessoas ao seu redor saibam como proceder. Ontem, meu marido acordou com o barulho e quando voltei do desmaio ele estava ao meu lado furando meu dedo para o teste capilar e depois de me deitar na cama, fez um suco de laranja para normalizar a glicemia. É importante andar com a carteirinha do diabético com seus dados e das pessoas que devem ser chamadas em caso de emergência. E é claro que o diabético precisa ter o acompanhamento do especialista. Sim, eu já marquei consulta com meu querido médico Dr.Carlos Bruno e vou conversar com ele sobre o que aconteceu ontem, sobre a dieta que estou seguindo e as doses de insulina que estou usando.
Se você quiser saber mais sobre diabetes, a página Diabetes_mellitus do Wikipedia tem informações bastante completas sobre o assunto.
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(1) diabetes tipo 1 - "Em geral, o diabetes tipo 1 se inicia na infância ou na adolescência e necessita ser tratado com insulina durante toda a vida. Nesse tipo de diabetes, o pâncreas progressivamente não consegue mais produzir insulina em quantidades suficientes até chegar ao ponto de incapacidade total.
O diabetes tipo 1 manifesta-se geralmente de maneira abrupta, com sintomas importantes de hiperglicemia (excesso de sede e fome, aumento do volume e freqüência da urina), acompanhados de perda de peso. A doença aparece de forma tão repentina que, muitas vezes, o diagnóstico é feito somente quando a pessoa chega ao pronto-socorro com sintomas bastante intensos, como profundo mal-estar, desidratação, queda da consciência e níveis de glicemia sempre muito altos, na faixa dos 400 a 600 mg/dL. O hálito torna-se adocicado (conhecido como hálito cetônico), em função da grande quantidade de cetonas. As cetonas são fruto da quebra de moléculas de gordura que procuram substituir a glicose como fonte de energia." - texto retirado do site Diabetes Nós Cuidamos.
(2) "Diabetes tipo 1
Em geral, o diabetes tipo 1, também conhecido por diabetes juvenil, tem início na infância ou na adolescência e necessita ser tratado com insulina durante toda a vida.
Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 está bastante relacionado ao excesso de peso, mas também influem fatores como o tabagismo, o sedentarismo, a hipertensão arterial e o histórico familiar. Em geral, surge em adultos a partir dos 30-40 anos ou em adolescentes que já apresentam excesso de peso. É o tipo mais comum de diabetes, correspondendo a 90% de todos os casos. No diabetes tipo 2, o pâncreas inicialmente funciona bem. O problema está nas células de nosso corpo, principalmente dos músculos e de órgãos como o fígado, que mesmo na presença de insulina não conseguem absorver bem a glicose do sangue. Trata-se de um defeito genético que pode ser agravado por diferentes fatores de risco. Diferentemente do diabetes tipo 1, em que os sintomas surgem de forma abrupta e de maneira pronunciada, o diabetes tipo 2 apresenta poucos sintomas, mas pode manifestar as mesmas complicações crônicas do diabetes tipo 1. Por isso, é fundamental que se examinem periodicamente os níveis de glicemia, principalmente a partir dos 40 anos ou naqueles que têm aumento de peso, colesterol elevado ou pressão alta.
Diabetes gestacional
Aparece durante a gravidez e costuma desaparecer após o parto. Todavia, em alguns casos, pode voltar depois da gravidez, a qualquer tempo, e se estabelecer na mulher com as mesmas características do pré-diabetes ou do diabetes tipo 2.
Pré-diabetes
É um alerta de que algo precisa ser feito antes que o diabetes tipo 2 chegue para ficar. Em geral, surge quando as células começam a apresentar dificuldades para absorver a glicose do sangue, mesmo quando o pâncreas ainda produz boas quantidades de insulina." - texto retirado do site Diabetes Nós Cuidamos.
(3) "Um dos exames que os pré-diabéticos precisam fazer é o da curva glicêmica, indicado para pessoas que estão com os níveis acima do normal ou que possuam fatores de risco ... o teste pode confirmar ou descartar a condição de pré-diabetes e ainda diagnosticar o diabetes melito, mesmo que o primeiro exame de sangue comum não tenha indicado anomalias.
A curva é feita em laboratório, com o paciente em jejum há oito horas. Depois da primeira amostra colhida, ele toma uma solução de água com açúcar e fica em repouso por 120 minutos. Passado esse tempo, o exame é refeito. Se o resultado for maior ou igual a 200, a pessoa está com diabetes melito. A condição de pré-diabetes é caracterizada pela taxa de 140 a 199. Já se der menos de 139, o paciente pode ficar tranquilo, pois não está sequer no estágio que pode desencadear a doença." - texto retirado do site da Sociedade Brasileira de Diabetes.
(4) "Glicemia (glicose no sangue) capilar: é verificada por meio de uma gota de sangue obtida por punção capilar (ponta de dedo), aplicada em uma tira reagente que é inserida em um monitor (equipamento que realiza leitura da glicemia capilar). Em alguns monitores existentes no mercado deve-se primeiro colocar a fita no aparelho e depois colocar a gota na fita para que o monitor proceda à leitura. A monitorização da glicemia capilar é considerada um fator primordial para o bom controle glicêmico. É possível realizar a punção em outras áreas do corpo como antebraço, braço, palma da mão, coxa e panturrilha. São chamados de LAT (locais alternativos de teste), porém, para fazer uso desse método, deve-se primeiro conversar com a equipe médica." - texto retirado do site Diabetes Nós Cuidamos.
(5) "Você, provavelmente, já deve ter sentido um mal-estar ou tontura após ter ficado muito tempo sem comer. Essas sensações podem indicar hipoglicemia.
A falta de alimentos - principalmente de carboidratos - faz com que haja pouca glicose disponível para as células, uma vez que a insulina do sangue não pára nunca de colocar glicose dentro delas. Os sintomas dessa hipoglicemia podem variar desde mal-estar, fome, tonturas e tremores, até condições mais graves como confusão mental, convulsões ou coma, dependendo da quantidade de glicose que ainda fica na circulação.
Os casos mais leves de hipoglicemia, em geral, são tratados facilmente, bastando ingerir um pouco de carboidratos de ação rápida, como água com açúcar, balas, suco de laranja, leite ou refrigerante. Já os casos mais graves precisam ser tratados em hospital, com glicose intravenosa." - texto retirado do site Diabetes Nós Cuidamos.