quarta-feira, 31 de março de 2010

Tive, Tive, Tive

Parece um disco arranhado não é?
Pois é assim que o meu Davi está cantando.
Ele escolhe um ou duas palavras do refrão e as repete no ritmo da música.
E repete até identificarmos a música e a cantarmos para ele.
Avô, avô, avô ... "Avô, avó, assim, sempre perto de mim."
Fóve, fóve, ... "Chove, mas como chove, chuva, chuvisco, chuvarada, porque que chove tanto assim?"
E o tive, tive? É uma das músicas que o pai canta pra ele dormir. E não posso negar que também adoro ouvi-lo cantá-la.

"Quando eu passo em frente a casa dela
 Eu me lembro, eu me lembro

 O sabor que tem o beijo dela
 Eu me lembro, eu me lembro

 Foi numa noite de lua
 Que eu passei por lá
 Me lembro do sorriso dela
 Me lembro do seu meigo olhar

 Tua pele cor de jambo
 Me fez endoidar
Tive, tive
 Tive
que me apaixonar"
(Eu me lembro, composição de Dominguinhos e Anastácia)

terça-feira, 16 de março de 2010

Soltinho

Primeira vez que Davi sai sem papai nem mamãe.
Foi à locadora com os tios, o primo e a avó.

A mãe:
Com o coração na mão aceitei a sugestão da Inez. Vamos ver como ele se comporta.
Se não chorar quando entrar no carro sem mim. Se chorar depois, a tia liga e eu corro para socorrer.
Entrei em casa sem o menino.
Eduardo ficou esperando ele vir correndo e gritando atrás de mim.
Depois de alguns segundos e sem sinal do filho.
Expliquei.
O pai fez cara de reprovação.

E o menino:
Sorriso congelado no rosto, sentado na cadeira do primo, a tia achou que ele ia chorar, que nada.
Quando o primo gritou, ele que estava estático, sem acreditar que desta vez saía da casa da tia com o primo, os tios e a avó, entrou na brincadeira e respondeu com outro grito de alegria.
Na locadora, brincou, cantou, apontou e nomeou o que viu, dançou, comeu biscoito, e falou com a mamãe no telefone de brinquedo.
Chegou em casa muito feliz e só notou a presença da mãe minutos depois.
- Mamãe! - e correu para abraçá-la.

Pois é, soltinho.
Temos que nos acostumar, os filhos, criamos para o mundo.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Tão cedo

De segunda à sexta, vindo de casa para o trabalho, passo por uma comunidade pobre cujas casas foram construídas no entorno do trilho do trem.
Ali, estão todos nos quintais de suas casas.
É comum ver meninas, mal saídas da infância, carinhas de 15 anos, talvez pouco menos ou mais, com o barrigão pracolá.
Tão cedo!
Está certo, eu esperei até demais, tenho meus motivos.
Mas nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Nem oito nem oitenta.
Tão cedo para assumir responsabilidade tão grande.
Eu sei, estão habituadas aos cuidados com crianças, muitas criaram os irmãos menores.
Podem, claro que podem ser boas mães.
Mas tão cedo?
Podiam ser e fazer tanta coisa antes de assumir tão importante e definitivo compromisso.
Abrem mão de tanto, mais próprio de suas idades, e tão cedo.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Ornamento

Mal resolvida eu?

"Você não é mal resolvida. Só tem grandes expectativas da vida, como eu, isso não é um problema. Eu demorei pra entender que não é. A gente é que foi achando que não tem direito, que é pecado, que num sei quê. Mas desnóia, que você é massa, gosta de arte, de música, de dançar, é inteligente que só e uma mãe que leva a maternidade sem aquele peso horrível. Davizão tem sorte."
Palavras da irmã caçúla Lucinha. Esses meses em que ela está longe nós temos nos falado muito por e-mail. E essa massagenzinha no ego veio bem a calhar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Dissensão e Animosidade

"Essas perguntas infrutíferas não têm respostas garantidas. No máximo irritam as pessoas, provocando interminável discussão, dissensão e animosidade."
Esse trecho foi extraído do livro Falando da Sociedade - ensaios sobre as diferentes maneiras de representar o social, de Howard S.Becker, editora Zahar/RJ.
A afirmação foi para uma situação particular.
Mas lendo assim, fora do contexto do livro, vejo que se aplica a muitas outras situações e perguntas.
O que queremos discutir é mesmo importante?
Não defendo se omitir de toda discussão.
Defendo não gastar saliva nem neurônios à toa.