sexta-feira, 30 de abril de 2010

Não mais

Ela se achava especial.
Bonita, um tipão, alta, elegante.
Lutadora, vencedora.
Quando isso mudou?
Em que momento deixou de ser tudo isso? Deixou de se sentir assim?
Antes tinha o pai para lembrá-la sempre de como era bonita, amada.
Mas não foi logo depois da morte do pai. Mesmo depois, ainda se sentia especial, triste, menos completa, mas ainda especial.
Era preciso alguém para dizer a ela, confirmar. Não houve quem assumisse esse papel.
Ninguém, como seu pai, falava e demonstrava sem pudor, sem pejo, o amor, a admiração, que sentia.
Talvez por ela ser parte dele, algo que ele não temia perder.
Então foi perdendo o hábito, a certeza, a confiança.
Não se sente muito bem ao ser observada, elogiada. Sente vergonha, acha exagero.
Não se sente mais especial, bonita, um tipão.
O tempo maltratou, calejou.
Já não se sente especial.
Quando foi que mudou e porque ela não sabe bem dizer.
Talvez não tivesse certeza de que era especial, bonita, um tipão.
Precisava que dissessem, repetissem, confirmassem.
Talvez nem seja mesmo, mas sente falta de que alguém diga que a vê assim.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Paparico

- E o suco da Neusa?
Silvaneide pega a jarrinha com o suco separado antes de adoçar, o suco da Neusa.
- Você tomou o suco? Está muito forte?
- Tomei sim, está ótimo.
- Fiz uma saladinha verde, está na geladeira.
- Vão almoçar que eu fico com o Davi.
Tão bom ser paparicada.
Passamos dez dias no sertão, sítio São Cosme, casa de minha sogra.
Sei que o carinho é por extensão, por ser esposa do filho, mãe do neto.
Ainda assim é tão bom.
Ô saudade do sítio São Cosme e sua gente.
Ô saudade da Várzea Alegre, pena que é tão longe.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Férias

Estamos saindo de férias, finalmente.
Um doce para quem adivinhar onde vamos passar alguns dias de nossas férias.
Dica: É no Brasil, no interior do Ceará, é quente pra danar e vamos lá todos os anos.
Não é um lugar turístico, é aquele onde vivem pessoas queridas.
Assim, quem chegar até aqui:
- Fique um pouco, leia, quem sabe você não se identifica com alguns de meus relatos.

Forte abraço e até a volta.
Neusa