sexta-feira, 29 de abril de 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Rubião

Quincas Borba de Machado de Assis.
Como nas outras obras do autor, enredo, ritmo, escrita me prenderam num crescente até a o desfecho.
A história de Rubião, parasita, herdeiro, novo rico esbanjador, apaixonado, louco e abandonado, me lembrou já no final, Samsa de Kafka, de quem todos se afastam não tendo mais o que usufruir dele.
E fez lembrar também dos meus pais, tantos amigos de ocasião que sumiram depois da queda financeira, depois da morte trágica: interesseiros, pérfidos, covardes, todos, os fictícios e os reais.
O erro de um em se cercar das pessoas erradas não justifica o erro dos outros.
Leio, releio, volto sempre aos livros de Machado de Assis, nunca é viagem perdida.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Peço paz

Falsa sensação de segurança.
Vivemos como se não houvesse violência, maldade, desastres.
Como ser diferente? Em estado constante de alerta, como numa guerra?
Impossível.
Precisamos da zona de conforto, ajustar o inajustável para viver.
Até que algo aconteça e nos tire o chão.
Se a experiência é pessoal, desestabiliza por longo tempo, até nos sentirmos de novo seguros, ou desistirmos.
Se é algo apenas sabido, temor, reflexão e logo voltamos ao estado inicial.
Uma história muito triste me chegou aos ouvidos, uma acidente de carro, pai, mãe, quatro filhos entre 2 e 18 anos, apenas a mãe sobreviveu, noventa por cento do corpo queimado. Qual será o sentido da vida desta mulher daqui para frente? Não imagino uma vida sem meu único filho, sem meu marido.
Agora, esta tragédia, crianças, adolescentes alvos dos disparos de um psicopata. Cada família com sua dor, só sua, inigualável, inconsolável.
Encontramos formas de seguir em frente e sobreviver às perdas, aos sofrimentos. Qual o limite, quanta dor podemos suportar?
Tentamos nos cercar de garantias, reais ou imaginárias, para acreditar que nada disso nos atingirá um dia.
E planejamos nosso futuro junto aos nossos filhos e entes queridos. E rezamos, pedimos.
É o que podemos fazer.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Março

Março é mês prolifico.
Mês em que nasceu minha mãe, março de 1945.
Em que nasceu meu marido, março de 1971.
Em que nasceu nosso filho, março de 2008.
Março é mês de uma data que insisto em esquecer, não do fato acontecido, não da pessoa amada, mas da data em si.
Mês em que mataram meu pai, 23 de março de 1987.
Dias que definem quem eu sou hoje.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Míope, não mais

Fiz.
Juntei as economias e fiz a cirurgia de correção da miopia.
Sim, paga, porque o plano de saúde só cobre se o grau for igual ou superior a cinco. O meu era três.
Fiquei muito chateada nos primeiros dias porque a visão estava embaçada e o próprio médico disse que poderia ter grau remanescente, que seria corrigido numa nova cirurgia.
Mas com o passar da semana e numa nova consulta, estava tudo certo. Questão de recuperação.
Fiz para me livrar dos óculos e das lentes de contato.
Sei, o oftamologista explicou que logo, logo, precisarei de óculos para ler - vista cansada.
Nem tudo é perfeito.
Mas está feito.
Assim que passar o mês de resguardo, volto à praia e não vou precisar me preocupar com a lente no banho de mar, e volto a nadar e vou ver quando o professor estiver falando comigo lá no outro extremo da piscina, e mais outro tanto de chateações que não terei mais, não por ser míope.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Quem ama ...

Recebi e-mail da amiga Lu Vi falando sobre Içami Tiba e seus conselhos. Uma introdução incluia o autor como um dos três mais admirados pelos psicólogos, seguida de vinte seis regras para uma boa educação.

Li o livro "Quem ama educa". Minha irmã me emprestou, falando muito bem do livro. Li-o apesar de não gostar nadinha de livros de auto-ajuda.

Concordo com muita coisa que o autor defende no livro, mas algumas dicas ou regras ditadas no livro me parecem genéricas demais, outras despropositadas. Cabe aos pais usar de bom senso, porque cada caso é um caso, e existem situações que podem ser exceções às regras.

Acredito que a educação é um processo que precisa ser constante e consistente, em alguns exemplos o autor parece querer indicar a solução para uma situação fora do controle, em que os pais não agiram na hora certa.

Uma das discordâncias é do castigo pelo castigo, do tipo "fique aqui quieto, sem ver TV, sem brincar, pensando no que você fez de errado", será que fuciona? Li em um site uma psicóloga defender o castigo educativo, do tipo, sujou então me ajude a limpar, jogou o brinquedo então vamos doar para um criança que cuide dele. (Abro um parêntese para dizer que escolher com eles brinquedos para doar é sempre bom.) Gostei dessa abordagem, ela faz mais sentido pra mim . Os exemplos podem não ser os melhores, pois são meus, mas o objetivo é que a criança entenda o que fez errado e como corrigir. Castigo de trancar a criança sozinha no banheiro (sim, o autor cita esse exemplo em seu livro) é algo que eu não faria em hipótese alguma.

Outra questão é o conflito com a avó com o qual convivo diariamente já que minha mãe mora conosco, e tendo criado três filhas acha que sabe e pode mais que nós, pais do Davi. Às vezes conversar não adianta, é preciso dar bronca na avó também - o que é bastante difícil para mim - para fazê-la entender que não estou sendo dura demais, que esse é meu papel e que não devemos nunca subestimar a inteligência de nossos filhos. Eles compreendem muita coisa, desde cedo, e nos testam para saber se podem se sentir seguros de que sabemos o que estamos fazendo (é claro que não conscientemente).

Também acredito que é preciso dar espaço para que tomem decisões, sim, desde cedo, e se responsabilizem por elas.

No livro também senti falta da indicação de faixa etária.
Muito do que ele diz é óbvio, cabe como lembrete.

Mas só posso dizer isso porque li o livro e se você o ler, fará sua avaliação que não será exatamente igual a minha. É claro que não falei de tudo, falei daquilo que me chamou a atenção, que a meu ver não deveria estar no livro. E digo isso com a arrogância de quem está apenas no começo do caminho, afinal Davi tem apenas 3 anos.

Muita água ainda para rolar por debaixo da ponte.

Aqui a lista de conselhos do e-mail:

1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre.
2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar com internet, som, tv, etc.
3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados.
4. É preciso confrontar o que o filho conta com a verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro lado, além das testemunhas.
5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem. Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento da prevenção que a camisinha proporciona.
6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa. A mãe não pode interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai determinar que não haverá um passeio, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente.
7. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto quem tem que dizer qual é a hora de se comer e o que comer.
8. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender.
9. É preciso transmitir aos filhos a ideia de que temos de produzir o máximo que podemos. Isto porque na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio: não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0.
10. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente.
11. A gravidez é um sucesso biológico e um fracasso sob o ponto de vista sexual.
12. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são, mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para fazer uso da droga . A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo'.
13. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, não a respeita.
14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo.
15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.
16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação. Tirar nota boa é obrigação. Não xingar avós é obrigação. Ser polido é obrigação. Passar no vestibular é obrigação. Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se for mal na faculdade.
17. Quem educa filho é pai e mãe. Avós não podem interferir na educação do neto, de maneira alguma. Jamais. Não é cabível palpite. Nunca.
18. Muitas são desequilibradas ou mesmo loucas. Devem ser tratadas.
19. Se a mãe engolir sapos do filho, ele pensará que a sociedade terá que engolir também.
20. Videogames são um perigo: os pais têm que explicar como é a realidade, mostrar que na vida real não existem 'vidas', e sim uma única vida. Não dá para morrer e reencarnar. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida.
21. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão.
22. Pais e mães não podem se valer do filho por uma inabilidade que eles tenham. 'Filho, digite isso aqui pra mim porque não sei lidar com o computador'. Pais têm que saber usar o Skype, pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível pagarem para falar com o filho que mora longe.
23. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.
24. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família.
25. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que mostrar qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final.
26. Dinheiro 'a rodo' para o filho é prejudicial. Mesmo que os pais o tenham, precisam controlar e ensinar a gastar.
"A mãe (ou o pai!) que leva o filho para a igreja, não vai buscá-lo na cadeia."