sexta-feira, 29 de maio de 2015

Calminha

Perto da empresa onde trabalho mora uma vovó, uma idosa.
Edgar Degas
A velha mulher italiana
1857
The Metropolitan Museum of Art, NY
Reprodução óleo sobre tela
Quando está bem, fica sentada no batente, calada, absorta, perdida em suas lembranças, em seus pensamentos, olhando a vida passar.
Quando não está bem, fica andando, indo e vindo na mesma calçada, gesticulando, xingando Deus sabe quem, em alto e bom som,  para quem quiser ouvir, e se responder, aí a confusão está feita.
Hoje eu vinha saindo pelo portão do estacionamento, e ela se levantou do batente, na mão o pano sobre o qual se senta. Veio andando na direção de sua casinha, que fica do outro lado da rua.
Pensei: como estará a vovó hoje?
Ela vinha em minha direção e quando chegou bem perto,  disse:
- Você é bonita, viu? Muito bonita.
Ufa, a vovó hoje está calminha, calminha.