quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Carrinho querido

Inventei.
Fui andando.
Sandália alta de plataforma.
As calçadas. Não tinha reparado como são irregulares. Pisei em falso, quase torço o pé.
O sol quente das onze horas da manhã. Não tinha reparado como é quente o sol dessa hora do dia.
Criatura com cara de poucos amigos. Fumando. Passei por ele.
Epa, agora ele olha pra mim. Viche!
Olho para trás. Ele sumiu. Tomara que tenha virado a esquina.
Não era nesse quarteirão?
Vou andando. Devo estar perto, se não é nesse, no próximo.
Meu dedinho está apertado. Não tinha reparado que a sandália aperta meus dedos.
O vento alivia o calor. Mas os cabelos, tenho que ajeitar as fivelas, tirar os  fios do rosto para poder enxergar.
Não chega nunca. Já passei o supermercado, a loja de motos, a loja de móveis de bambu, o restaurante, outro restaurante, a clínica.
Vou andando.
Não devo estar longe.
Meus pés doem, está muito quente, não sei mais quanto falta pra chegar.
Desisto e volto.
Não tinha reparado porque no carro é sempre fresquinho, de carro tudo é bem pertinho, e qualquer sapato é confortável.

Um comentário:

mfc disse...

Ora bem... disseste tudo!