sexta-feira, 18 de julho de 2014

Conversas do além

Pensando se os mortos se conhecem nessa nova vida, nesse novo lugar onde estão. Será que meu pai e meu sogro se conhecem? Como seria uma conversa entre eles?
(A foto foi uma montagem que fiz a partir de uma foto que tirei do meu sogro um ano antes de sua morte que foi em 2006 aos 70 anos mais ou menos, e de uma foto escaneada de meu pai. Papai morreu em 1987 aos 46 anos).

- José, chegou um novato.
- É, estou sabendo. Menino novo.
- É sim. Minha filha conheceu, trabalharam juntos, eram amigos.
- Esses meninos estão morrendo muito cedo.
- Os vícios do meu tempo eram bebida, cigarro e mulher, e com moderação porque a família ficava em cima. Esses meninos andam se aventurando com coisas perigosas.
- Pois é. Mas sabe, José, acho que se não tivessem me matado, eu acabava morrendo do coração também.
- É amigo, só que bem mais tarde, talvez lá pelos 70, como eu.
- Meu erro foi me meter com gente perigosa e apostar que tudo ia dar certo.
- Isso foi uma fatalidade. Você estava atrás do seu direito, eu teria feito igual.
- Ainda bem que nossos meninos e meninas se cuidam.
- Mudando de assunto, viu a última do nosso neto?
- Vi. Menino bom é assim mesmo. Já ouviu falar de criança que não dá trabalho aos pais?
- ha, ha, ha. É esperto o menino, carinhoso e comunicativo, puxou ao vô aqui.
- Mas é opinioso também, isso é da família do pai.
- É sim. Você é que está cheio de netos e bisnetos. Eu estou no terceiro e todos homens.
-  Família grande é bom. Família pequena também, dá pra cuidar melhor.
- Eu sempre peço ao meu netinho anjo para olhar pelos meus.
- Assim seja, Eimar, assim seja.
- Agora vamos cuidar que vem chegando mais almas.

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