segunda-feira, 3 de maio de 2010

Autor não divulgado

Outro dia, Eduardo me deu pediu para revisar e formatar um trabalho de faculdade. Depois de ler, foi até fácil eleger os itens e subitens, dar títulos, organizar em uma ordem lógica.
Montar a bibliografia é que foi frustrante.
O trabalho foi uma montagem das pesquisas dos cinco integrantes da equipe e Eduardo havia me adiantado que muita coisa tinha sido copiada da Internet.
O mais óbvio e que eu pensei não dar resultado, foi copiar parte dos textos no Google.
E não é que estavam lá, copiados iguaiszinhos dos sites mostrados na lista de respostas às minha pesquisas.
Próximo passo: procurar o autor para uma bibliografia em que constasse o nome do autor, o título do texto, o título do site e o link.
Vamos lá:
- Será que o site citou a fonte?
- Não.
- Será que um dos sites listados é de alguma instituição séria ou algum especialista no assunto que citou a fonte? - Não, pode ser até sério e especialista, mas não informou a fonte.
Senti na pele a importância de informar quem escreveu aquelas palavras que estamos reproduzindo e de saber quem escreveu aquilo quando procuramos alguma informação na Internet.
Numa reportagem que li hoje, Robert Darnton coloca em palavras o que senti nessa tentativa de atender a um pedido de meu marido e fazer daquela porção de textos reunidos algo digno de ser chamado trabalho de faculdade (não se preocupe eu cito a fonte e autor direitinho no final):
"Seja qual for o futuro, ele será digital", resume Darnton. Segundo ele, deve-se olhar para o futuro digital com adesão crítica, sem nunca deixar de olhar pelo espelho retrovisor. A internet, como toda inovação tecnológica, apresenta-se, ao mesmo tempo, com bênção e maldição.
    Para Darnton, ela tem a largura de uma galáxia e a profundidade de um dedo. Embora útil na maioria das situações, tornou-se a maior fábrica de rumores da história, na qual afirmações falsas estabelecem sua veracidade pelo peso das infinitas repetições.A maioria dos sites faz um trabalho muito ruim ou inexistente no sentido de documentar suas fontes ou oferecer referências básicas. Todas as informações vêm com uma forte embalagem de onisciência - ou seja, toda narrativa se passa como se fosse destituída de fonte.

Assim sendo, no lugar destinado ao sobrenome e nome do autor coloquei "autor não divulgado".

A reportagem citada acima está na edição de 5 de maio de 2010 da revista CartaCapital, coluna Plural, intitulada O Cheiro do Saber por Elias Thomé Saliba e trata do livro "A questão dos livros" de Robert Darnton.

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