sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Rita

Não gosta que eu a chame de dona Rita.
- Pra que esse dona? Rita!
Conheceu Ramires numa viagem à cidade de São Paulo. Paixão à primeira vista.
De volta à Fortaleza sofreu um grave acidente que quase a deixou paralítica. A empresa a mandou para hospital em Brasília. Quatro meses e três cirurgias depois estava andando.
Ramires quando soube do acidente veio vê-la. Casaram-se.
Mesmo contra as recomendações médicas, engravidou. Gravidez de risco, nove meses em repouso.
- Você tem vinte minutos por dia para se levantar, tomar banho, caminhar.
Nasce Igor. Fim do desconforto e da dor. Que alegria, uma criança linda e forte.
Com um ano e três meses Igor perde o pai. Ramires morre de infecção hospitalar depois de se submeter a uma cirurgia simples, de recuperação rápida. Em sete dias deveria estar em casa. Não voltou.
Sozinha, aposentada por invalidez, trabalha vendendo jóias e artesanato, e cuida do filho.
Igor tem hoje vinte e três anos, trabalha, estuda, está noivo.
- E se vira sozinho numa casa.
Mostra fotos: Ramires, um belíssimo jovem, e Igor, bêbe de nove meses, fofíssimo.
Eu sento ao lado dela:
- Rita, vim lhe pagar.
Foram toalhinhas, panos de prato, que comprei para alegrar a casa no Natal.
Pergunto pelo filho, ela me conta sua história. E que história!

Um comentário:

mfc disse...

A vida sempre surpreendente e uma atitude linda de reconhecimento pelo valor dos outros!
Gostei muito.