Lucinha voltou de Portugal.
Isso me fez pensar em como são as relações lá de casa, entre nós, as três irmãs.
Inez e Lúcia sempre foram mais próximas.
Quando a Lucinha nasceu, eu tinha 7 anos e a Inez quase 6.
A Inez, que sempre adorou crianças, assumiu os cuidados com a pequena. Eu não me sentia confortável em cuidar da caçula quando bebê, tinha medo de deixar cair, de machucar.
Assim, a Inez foi como uma segunda mãe para ela.
Minha relação era igual com as duas, gostava de brincar, de fazer bagunça, de ensinar, de inventar, essas coisas de criança mesmo. Eu não fazia distinção pela idade. Mas lembro também que desde cedo eu já queria e achava que devia proteger minhas irmãs mais novas.
Papai morreu, e eu assumi essa triste posição de arrimo de família, como que alguém responsável pelas minhas irmãs, pela casa, algo que eu mesma me impus com a anuência de mamãe. O que aconteceu é que fui cobrada como modelo e provedora.
Algum tempo de terapia me fizeram ver que elas não precisavam que eu assumisse esse papel, não haveria substituto para o papel do pai protetor, provedor. Dei-me conta de que elas são capazes e só elas podem alcançar seus objetivos, realizar seus sonhos, assumir as suas responsabilidades, e o que de melhor eu posso fazer por elas é dar amor e carinho e apoio quando for preciso.
Esse afastamento não foi proposital, eu não quis me distanciar delas, ou ser mais ou melhor, muitas vezes me sentia menos bonita, menos resolvida, menos forte, menos decidida, menos livre que elas.
Minhas irmãs são um orgulho para mim (meusorgui), lindas, inteligentes, competentes, antenadas, amorosas, fortes, duas mulheres maravilhosas.
Um comentário:
Que lindo post de compreensão da vida!
E de como um certo afastamento não implica uma menor proximidade.
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